O fixo Matheus Sacon enxerga o jogo de uma maneira diferente. Um dos líderes do elenco do Praia Clube na Liga Nacional de Futsal 2021, o atleta tem daltonismo, um distúrbio na visão que diminui a capacidade de enxergar as cores em condições normais de iluminação. Mas isso não é e nunca foi um empecilho para o jogador de 32 anos, que vive bom momento no time de Uberlândia.
A descoberta da perturbação na visão foi quando Sacon ainda era pequeno, na educação infantil. A professora pedia para pintar determinadas cores, mas ele não escolhia a certa. Foi, então, diagnosticado com protanopia, um tipo de daltonismo caracterizado por não conseguir enxergar a cor vermelha.
Assim, o atleta leva a vida, tanto dentro quanto fora das quadras. No dia a dia, Sacon usa um óculos próprio para “correção” das cores, mas não pode jogar com ele. No esporte, algumas situações dificultam, mas nada que atrapalhe o desempenho individual.
– Por enquanto, nunca tive um prejuízo muito grande em relação aos jogos, pois normalmente os uniformes de uma equipe são claros e, da outra, escuros. O que acontece é que, muitas vezes, tive dificuldades para assistir a jogos de algumas equipes com cores que, para mim, são semelhantes – disse o camisa 20 do Praia.
O jogador tenta levar a situação de forma tranquila e conta também com ajuda dos companheiros de time e das comissões técnicas por onde passa.
– Todos os meus colegas de clube sabem e pelos clubes que passei sempre expus essa deficiência. Pra mim, nunca foi um problema. Muitas vezes, fazem brincadeiras com relação a isso e nos divertimos com a situação. Até na questão das escolhas dos coletes para treinamentos, a comissão me pergunta quais as cores que ficam melhor para que eu possa diferenciar os times – revela o jogador.
Daltonismo
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o daltonismo atinge 350 milhões de pessoas no mundo, sendo oito milhões no Brasil. O oftalmologista da Oftalmo Medical Center, de Uberlândia, Marcelo Santos Campos, explica as causas deste distúrbio na visão.
– Daltonismo é uma perturbação na visão que dificulta a percepção das cores. O distúrbio é provocado principalmente por uma anomalia genética do cromossomo X, mas pode ser provocado devido uma lesão nos órgãos responsáveis pela visão – explicou o médico, ressaltando que não há tratamento nem cura para o daltonismo, mas que a adaptação por qualquer pessoa ou atleta é um processo natural.
Sobre o tipo de daltonismo que atinge Sacon, o oftalmologista esclareceu.
– A protanopia é de origem hereditária e ocorre quando os cones não estão presentes na retina. Esta forma de daltonismo faz com que as pessoas sejam menos sensíveis à luz vermelha, dificultando a distinção das cores: azul e verde, e vermelho e verde, sendo esta mais comum – completou o oftalmologista.
Cartão amarelo ou vermelho?
Além da dificuldade de reconhecer algumas cores nos uniformes dos times, um fato em quadra virou motivo de piada para Sacon. O fixo recorda, bem-humorado, uma história que vivenciou na base.
– Um fato curioso que ocorreu durante um jogo ainda nas categorias de base, foi que ao cometer um pênalti, fui advertido com cartão. Na hora, fiquei na dúvida quanto à cor do cartão. Tive que perguntar para o goleiro do meu time qual era a cor e ele me informou que era amarelo. Ele deu risada. Depois, ele até comentou que o cartão amarelo do árbitro estava meio estranho mesmo – relembrou o jogador.
Para falar mais sobre o daltonismo, Sacon informou nas redes sociais que abordará o tema, com as histórias vivenciadas por ele através das cores.
O fixo Sacon tem uma trajetória de sucesso no futsal. Em 2018, viveu o auge da carreira ao ser campeão mundial de clubes pela equipe de Sorocaba. Na atual temporada, o jogador vive um bom momento no Praia Clube. O time de Uberlândia ainda não sabe o que é derrota na LNF em cinco partidas.
– No último jogo (contra o Marechal), fiquei muito feliz em marcar meu primeiro gol com a camisa do Praia Clube em uma partida oficial. Infelizmente, sofremos o empate nos segundos finais da partida. Nos outros jogos, havia dado três assistências, o que também me deixa feliz em saber que de alguma forma, estou contribuindo para o nosso sucesso coletivo nos jogos. Espero continuar fazendo gols e dando assistências. E que possamos dar continuidade a essa nossa trajetória de excelentes resultados em busca da classificação para a segunda fase – disse o atleta.
Ao marcar o primeiro gol com a camisa praiana, no empate com o Marechal, o fixo Sacon comemorou apontando o olho. Ele disse que foi uma homenagem à mãe, que por muito tempo foi professora em uma escola de surdos, e o sinal feito por ele representa o nome dela na língua de sinais.
Foto:Sacon-Praia-Clube-Foto-Reprodução-Instagram-Sacon-Praia-Clube-Foto-Bruno-Cunha-B2C-Fotografias
Fonte:Filipe Ferreira/ Lucas Papel | GE Uberlândia | MG / LNF
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