Os planos de Valdin para se aposentar aos 40 anos ficaram para trás 
há um bom tempo. Atualmente, com 44 anos, o ala afirma que jogará mais 
uma temporada, provavelmente a última, admite ele. Ele ainda não 
confirma que estará na Assoeva no próximo ano, equipe que defende desde 
2020, na segunda passagem.
Em entrevista à GZH, o cearense campeão gaúcho e vice-campeão 
brasileiro com a Assoeva, em 2017, avalia a temporada de 2023, na qual a
 Assoeva foi eliminada nas quartas do Gauchão para o Sercca, e da LNF 
para o Cascavel. Além disso, Valdin fala sobre a continuidade da 
carreira e o avanço da modalidade no Brasil.
A temporada de 2023 ficou dentro do esperado?
A gente sempre quer estar nas finais. A gente quer decidir título. 
Ainda mais quando se trata de Assoeva, uma equipe tradicional do futsal 
brasileiro. A gente quer chegar para disputar a primeira colocação, mas,
 infelizmente, ao longo do ano, com os percalços que teve, suponhamos 
que foi uma boa temporada. A gente não começou tão bem a temporada. Às 
vezes, o ano é como termina e não como começa. A gente chegou em duas 
decisões, jogando a maioria dos jogos, 30, 35 minutos do jogo. Queira ou
 não, quando chega nessa fase da temporada, isso pesa muito para a gente
 que é atleta, ainda mais hoje como o futsal se encontra, com a parte 
física mais intensa.
A nossa ficha maior era no Gauchão. Mas no Gauchão a gente fez jogos 
muito ruins dentro da nossa casa. Isso pesou demais no segundo jogo 
contra o Sercca. A gente sabia da qualidade do adversário, com jogadores
 lesionados e pensando também no jogo contra o Cascavel, caímos fora. Eu
 acho que foi um ano positivo para a Assoeva. Para mim, apesar de eu ter
 machucado algumas vezes ao longo da temporada. Mas jogando 35 (minutos)
 a cada jogo, isso é satisfação muito grande, com a idade que eu tenho, 
poder competir com moleques que eu sou quase 20 anos mais velho.
Você já participou de muitos outros campeonatos gaúchos e tem
 uma larga experiência em Liga Nacional. Como você avalia o nível 
técnico do Gauchão deste ano?
Tá louco, o Gauchão é um dos melhores campeonatos estaduais do 
planeta. É uma competição acirrada. Às vezes, o último ganha do 
primeiro. Isso com tamanha facilidade. Surge muitos jogadores, tanto de 
fora quanto do próprio Rio Grande do Sul. Muitas equipes qualificadas. 
Uma coisa que iguala muito é a quadra. Isso iguala um pouco o jogo para 
times que são acostumados a jogar em quadras maiores. As quatro equipes 
que estão nas semifinais são equipes que tiraram grandes times. Não dá 
para apontar o dedo e dizer quem vai ser o campeão.
Quais são os seus planos para o futuro? Seguirá jogando?
Eu queria parar com 40 anos. E aí a gente foi indo. Hoje, cheguei aos
 44. Ano que vem vou atuar ainda. Provavelmente, pode ser meu último ano
 como atleta profissional. Enquanto eu tiver esse feeling da competição,
 querendo atuar, querendo ganhar, eu vou jogar. Agora, durante a 
temporada, acontecem muitas coisas, lesões, altos e baixos. Às vezes, 
até um pouco de cansaço.
Ficará na Assoeva no ano que vem?
Não acertei com a Assoeva ainda. A gente está em conversa. Estamos de
 férias. Espero que possa dar tudo certo e eu possa jogar outro Gauchão 
pelo clube.
Você já recebeu sondagem de outras equipes do Brasil ou mesmo do Rio Grande do Sul?
De outra parte do Brasil, sim. Do Rio Grande do Sul, apenas de uma e 
essa equipe não joga Liga Nacional. Na Assoeva, eu estou há seis anos 
(em duas passagens). Tô em casa. Conheço os atalhos. Se o acordo for 
bom, a gente continua para 2024.
Com essa experiência de mais de 20 anos no futsal, qual é o seu conselho para quem quer viver da modalidade?
Tudo que eu conquistei foi o futsal que me deu. De uns anos para cá, o
 futsal cresceu bastante, até em termos salariais. Muitos times pagando 
muito bem, tanto aqui quanto fora do Brasil. Para você ter uma vasta 
carreira, você tem que abdicar de algumas coisas. Tu tem que ser 
profissional o tempo inteiro. Precisa de descanso, perde muitas festas, 
não pode estar em balada. O futsal a cada dia tá crescendo. Você tem que
 ser comprometido com a causa, com o clube e com o profissionalismo. E 
querer estar ali. O pior de tudo é o dia a dia. O treino. O jogo em si é
 a melhor coisa que tem, mas a semana que você passou é totalmente 
diferente.
E no futsal enquanto modalidade, o que precisa melhorar?
A gente vê muito ginásio que é pequeno, que não tem tanta segurança. E
 o futsal precisa disso. Para crescer mais, a gente teria que chegar a 
uma Olimpíada, mas a briga é muito grande. Já estou há 20 anos correndo 
atrás disso e, até hoje, a gente não conseguiu. Espero que tenha mais 
dirigentes com os olhos voltados para a modalidade e não só para o 
clube. Temos que juntar os dirigentes em torno do futsal. É difícil, 
mas, se não for assim, o futsal não vai crescer.
Foto:Cristian Frantz
Fonte:lnfoficial.com.br