Jair Vanderlei Cândido, o Lei, é roupeiro da equipe há 18 anos e pode
 ser considerado um dos ‘dinossauros’ do clube. Gráfico de profissão, se
 dividiu entre a função e o trabalho na Assoeva até 2010, quando foi 
convidado a se tornar fixo e optou pela equipe. “Estava amando essa 
rotina de viagens e encarei o desafio, desde lá sou funcionário 
integral. Na verdade, apenas não treino e jogo. Sou roupeiro, mordomo, 
faz-tudo, conselheiro, busco a água, lavo a roupa”, brinca.
Nesse período de atuação, ele relembra as mudanças, como no início, 
em que a equipe tinha cozinheiras na sede do clube e os 16 atletas 
moravam em dois quartos. Atualmente, há restaurantes parceiros e os 
jogadores moram em três por apartamento.
“Chego a me arrepiar ao falar da Assoeva. Cresci como ser humano, 
aprendi a conviver com diversas pessoas. No esporte, todos têm o mesmo 
objetivo, que é alcançar as finais e os títulos. Precisamos conviver com
 a pressão, são críticas de todos os lados, mas para mim, aprendi a 
lidar com inúmeras culturas, escuto os problemas de diversos jogadores, 
fiz grandes amigos, tenho contato com jogadores que passaram aqui em 
2004, sou padrinho de outros que estavam em 2006”, comemora Lei.
Quando o assunto são títulos marcantes, Lei diz que é impossível 
ignorar o primeiro título, a Copa Unisc 2005. “Pode parecer 
insignificante, mas para nós era muito importante”.
Posteriormente, o roupeiro conta que sempre teve o sonho de aparecer 
na televisão disputando grandes campeonatos, pois assistia às finais do 
Gauchão de Futsal na TV. “Em 2009, chegamos nas finais do Gauchão e não 
teve emoção maior. Depois chegamos na Liga, e fomos passo a passo 
realizando sonhos, a maior emoção foi chegar em uma final de liga com 
esse ginásio lotado.”
Os períodos mais complicados, para Lei, foram na decisão de dedicar 
sua vida profissional à Assoeva e durante a pandemia. “O primeiro 
impactaria em todo o redor da minha vida, poderia dar errado e ficar de 
mãos abanando – impactava minha família, por exemplo. E o segundo, com 
as dificuldades financeiras, sem possíveis patrocinadores, o clube sem 
garantias de pagamento nem do futuro”, detalha.
Além disso, o roupeiro também faz papel de pai ou exemplo para os 
mais jovens. “Precisamos escutar, saber o momento de dizer algo, pois 
pode machucar ou ofender. Trato da mesma forma o mais jovem e o mais 
experiente, apesar de ser difícil. Esses jovens precisam de atenção, 
porque podem se vislumbrar com o momento. Tenho uma forma de chegar e 
conversar, pois preciso ser esse espelho também.”
A relação com jogadores e treinadores é que faz o profissional 
acordar feliz todos os dias. “Todos têm um lugar especial no meu 
coração. Quase todos os anos eles se reúnem para fazer um churrasco lá 
em casa, diversas vezes encontro ex-jogadores e ganho camisas de seus 
times ou até um abraço, não tem gesto mais incrível”, destaca.
Foto:Leonardo Pereira
Fonte:Leonardo Pereira • Venâncio Aires | RS / LNF