Clubes cearenses se voltam ao futebol feminino

Com o sucesso comercial da Copa do Mundo Feminina, os olhares do mundo passaram a se voltar para o futebol das mulheres. No Brasil, além da visibilidade aumentada, a obrigatoriedade de clubes da Série A do Brasileiro manterem time feminino incentiva a prática da modalidade.
O desenvolvimento de categorias femininas de futebol, porém, ainda é embrionário, pelo menos no Estado.O Campeonato Cearense Feminino deste ano teve apenas quatro participantes: Ceará, Caucaia, Menina Olímpica e Tiradentes. A previsão para a edição 2019, prevista para início em agosto, é a inclusão de mais equipes, entre elas o Fortaleza. A proposta de expansão incluiria ainda times da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior, de forma a tornar o Estadual mais competitivo.
Apesar do equilíbrio entre homens, Ceará e Fortaleza vivem situações diferentes entre mulheres. O Alvinegro é o atual campeão cearense e está a dois jogos de um possível acesso à Série A1 do Brasileirão Feminino. O Fortaleza está terminando o processo de montagem de elenco, visando a disputa do Cearense 2019.

A iniciativa feminina no Ceará se iniciou a partir de parceria com o projeto Menina Olímpica, que cedeu atletas para a formação da equipe alvinegra no ano passado. O acordo é válido até o final do Brasileiro A2, com ainda possibilidade de renovação de contrato até o fim do Estadual deste ano.

Hoje, todas as jogadoras do Ceará possuem carteira assinada — são atletas profissionais —, algo raro para o esporte entre mulheres no Brasil. Normalmente, as jogadoras atuam por contrato, algo que as deixa desamparadas em caso de desligamento.

A atacante do Ceará, Valéria, 25, ressalta a importância de, pela primeira vez na carreira esportiva, atuar com carteira assinada. "Já passei por outros clubes em que a gente trabalhava apenas com contrato, você não tinha nada assegurado. Você tava ali, mas amanhã você não sabia qual seria o seu futuro. E aqui não. Eu chego e tenho todos os meus direitos", comemora.

Desde 2010 sem formar equipe feminina de futebol, o Fortaleza está de volta ao Estadual neste ano. Sob o comando do treinador Fuscão, as Leoas treinam há dois meses, reunindo atletas que disputaram o Brasileiro A2 com jogadoras locais. Dentre elas, quatro estiveram no time de nove anos atrás, que conquistou o inédito título Cearense Feminino.

Segundo Fuscão, o grupo ainda está em formação. A previsão do técnico é trabalhar com 30 a 35 atletas no Estadual. Além disso, o número de dias semanais de treino deve ser ampliado com a aproximação do certame. Atualmente, são dois treinamentos a cada sete dias.

A atacante Elizete, 41, veterana do time do Fortaleza de 2010. À época, ela foi artilheira da competição, com 18 gols marcados — recorde de tentos anotados em uma única edição do Cearense Feminino. Para ela, a repercussão recente da seleção brasileira na França-2019 pode contribuir para os clubes e as atletas locais. "A gente tem que acreditar que vai crescer, que essa bandeira vai ser levantada muitos anos, para as atletas que vão vindo aí", ressalta, ecoando súplica de Marta após a eliminação do Brasil no Mundial.

Apesar do investimento dos grandes clubes, o time feminino tradicional do Estado é o Caucaia, maior campeão cearense, com seis conquistas. A equipe ainda ficou entre as oito melhores do País nos Brasileirões de 2009 e 2014.
Série A2
O Ceará terá uma pedreira para chegar à elite do futebol nacional feminino. A equipe enfrenta o Cruzeiro-MG em dois jogos. O primeiro será no próximo dia 13, às 15 horas, no PV
Fonte:opovo

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