Se virmos as histórias recentes de grandes campeões que perderam seus
cinturões, a derrota sempre traz consigo tristeza e, muitas vezes,
choro. Foi assim com José Aldo, Ronda Rousey e Joanna Jedrzejczyk. Mas
não com Cris Cyborg. Invicta por 13 anos, dona do cinturão peso-pena nas
principais organizações de MMA do mundo desde 2009, a lutadora
curitibana manteve o bom humor após ser nocauteada de forma avassaladora
por Amanda Nunes no UFC 232.
Cyborg surgiu na sala da coletiva de imprensa com um travesseiro
escondendo o rosto, numa clara citação a uma provocação que a própria
fez a Ronda Rousey após esta perder o cinturão em 2015. Ela logo tirou o
adereço da frente e revelou seu habitual sorriso, apenas com um rosto
um pouco inchado dos golpes potentes e certeiros de Amanda Nunes.
No começo, quando fiz minha primeira luta de MMA, perdi. Treinei por
três meses e perdi. Depois desse dia, treinei mais duro, mais duro e
mais duro e permaneci 13 anos sem perder. Nunca disse que seria invicta.
Eu treinei duro para esta luta, meu camp fez tudo. Mas hoje não foi meu
dia. Não é a primeira vez que isto acontece, nem a última. Claro que
não estou feliz e parti meu coração, mas não chorei, nem vou chorar.
Hoje foi o dia da Amanda, ela foi melhor, vou voltar à minha academia,
treinar e voltar melhor. Isso acontece - declarou Cris.
Na verdade, a única coisa capaz de tirar o bom humor de Cyborg foi o
tratamento recebido dos comissários e oficiais do UFC após a luta. A
curitibana queria falar no microfone aberto após o discurso de vitória
de Amanda Nunes, mas foi impedida por dirigentes da companhia.
- Eu mereço falar no cage depois da luta. Isso eu mereço, falar com
meus fãs após a luta. Saí e vi muita gente chorando. Isso é importante
para mim, ser a campeã dos fãs. Eu trabalho duro e mostro a todos como
sou. Eu fiz tudo contra o sistema, e quero ser campeã no coração dos
caras.
A situação é mais um incidente na complicada relação entre Cyborg e
UFC. A ex-campeã dos penas, porém, garante que não vai guardar rancos do
ocorrido quando for negociar um novo acordo, após o encerramento de seu
contrato com a organização, em março. Ela também afirmou que deseja uma
revanche contra Amanda Nunes, apesar da declaração de Dana White de que
não pretendia refazer o duelo.
Eu
quero a revanche, é lógico. Você perde uma luta e você quer lutar a
revanche. Se eu não quisesse a revanche e não quisesse lutar, não
estaria aqui sentada, não estaria lutando - disse Cyborg.
A curitibana também comentou a declaração do presidente do UFC, Dana
White, que Amanda Nunes teria se estabelecido como a melhor lutadora de
todos os tempos com o triunfo sobre ela. Cyborg discordou do veredicto, e
se disse mais uma vez pronta para uma revanche.
- Dana White disse que quem vencer hoje será a melhor. Amanda venceu
hoje, OK, mas ela tem quatro derrotas, e eu só tenho duas derrotas. Como
ela pode ser a melhor? E eu posso fazer uma revanche com ela, eu não
sou o tipo de pessoa que desiste, eu nunca paro, eu continuo treinando.
Para me parar, tem que fazer o que ela fez, porque eu continuo indo. Eu
nasci para isso. Se ela bateu duro, eu bato mais duro. Eu amo isso -
afirmou Cyborg.
Fonte: Adriano Albuquerque, Ana Hissa e Evelyn Rodrigues — Los Angeles
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