O sonho de jogar futebol no Barcelona, óbvio para quem 
acompanha as conquistas do clube espanhol no campo, também se repete nas
 quadras. Atual campeão da Liga Espanhola, a equipe tem três jogadores 
entre os convocados para a seleção brasileira de futsal. 
Os
 alas Dyego Zuffo e Matheus, e o pivô Pito, estão concentrados em 
Gramado, na serra gaúcha, junto ao restante do grupo, onde o Brasil se 
prepara a Copa América, competição a ser realizada em Luque, no 
Paraguai, entre 2 e 10 de fevereiro. O pioneiro do trio é Zuffo, que 
está na décima primeira temporada no Barcelona, com uma trajetória 
recheada de títulos, entre quatro taças da primeira divisão e três Ligas
 dos Campeões. 
Eu estava no Copagril quando fui para o Barcelona, mas, como era muito 
jovem, ainda joguei um ano no Joinville antes de ir em definitivo. Me 
apresentei ao Barcelona em 2014. Todo jogador quando chega no Barcelona 
se impacta pela estrutura. Você poder jogar no Palau (ginásio do 
Barcelona). Tudo é muito bonito e gratificante — afirma o ala. 
Eleito
 melhor jogador do mundo em 2023 pelo evento Gala Mundo do Futsal 
Decathlon — a maior premiação da atualidade —,  o pivô Pito não teve 
passagem direta para time catalão. Ele saiu da ACBF, de Carlos Barbosa, 
em 2016 para o El Pozo, também da Espanha. Antes de chegar ao Barcelona,
 ainda ficou no Inter Movistar por duas temporadas para, depois, chegar 
ao que considera o maior clube do mundo. Pito foi escolhido melhor 
jogador da Liga Espanhola na última temporada, assim como o melhor da 
posição. No final do ano 
passado, aos 32 anos, Pito renovou por mais três temporadas. Deixar o 
Barcelona não passa nem perto da mente do craque, pelo menos, a curto e 
médio prazo. 
Quero alargar
 ao máximo que posso lá. O Barcelona é um clube de alto nível, o melhor 
do mundo na minha opinião. O máximo que eu conseguir ficar lá vai ser 
uma honra. Pela idade ou lesão, não sei se ficar bem nos três anos, o 
futuro a gente não sabe. Mas o máximo que eu conseguir ficar lá é uma 
honra para mim. Talvez jogar no Brasil só um ou dois anos para me 
aposentar — comenta o jogador. 
Já
 Matheus, 27 anos, saiu do Corinthians depois da temporada de 2019 para 
se transferir ao gigante da Espanha. Assim como no clube paulista, ele 
acredita que a união do futsal e do futebol em torno de uma mesma marca 
só tem benefícios a trazer para o esporte. 
Se o futebol tiver bem, o futsal e as outras modalidades vão 
acompanhar. A gente depende muito do futebol. Querendo ou não, o futsal 
não é tão autossustentável quanto o futebol, não gera tanto dinheiro. A 
diferença dos outros clubes que não tem camisa no futebol de campo é 
isso. Se o futebol tiver bem, é muito dinheiro envolvido e ajuda muito o
 clube como um todo — acrescenta Matheus.  
Futuro
O
 atleta ainda conta que um dos fatores que pesam na hora de optar pela 
permanência da Europa é a qualidade de vida. Nascido na capital de São 
Paulo, ele viveu os dois lados da realidade: a cidade grande brasileira e
 a europeia. 
A segurança, a
 educação para as crianças, a qualidade de vida é muito boa. E o poder 
de compra da moeda, que é uma diferença absurda para o Brasil. É o que 
mais impacta, não só na Espanha, mas na Europa. Tá quase tudo na frente,
 tirando a comida, que no Brasil, para mim, é a melhor — diz, bem 
humorado, o jogador. 
Segundo
 Zuffo, o Barcelona alcançou os objetivos dentro da Liga dos Campeões na
 atual temporada, que está em andamento: a classificação para a fase 
eliminatória da Liga dos Campeões, a conquista da Liga de Inverno, e a 
vaga para as quartas de final para a Copa do Rei. 
A gente teve uma primeira fase muito difícil. Chegamos a ter oito 
lesionados. Acredito que pelo calendário, muita lesão, isso vai 
sobrecarregando. Seria uma coisa para melhorar. O calendário é muito 
desgastante, não só no futsal, mas no futebol a gente vê o pessoal 
reclamando. A gente deveria presar mais pela saúde do atleta - opina 
Zuffo. 
O ala de 34 anos tem 
contrato por mais uma temporada, além da atual. O futuro de Zuffo está 
em aberto, mas a intenção é tentar permanecer por mais tempo no 
Barcelona. O certo é que, na aposentadoria, ainda sem data para 
acontecer, ele voltará ao Brasil para curtir a família, porque, como ele
 mesmo diz, a saudade bate forte. 
Já
 Matheus, que está há menos tempo na Espanha entre o trio, tem mais duas
 temporadas e meia para cumprir com a equipe. E quer mais.
A
 seleção brasileira de futsal segue em Gramado até 30 de janeiro, quando
 começa o deslocamento para o Paraguai. Nesta terça-feira (23), a 
comissão técnica previu treinos no ginásio Perinão pela manhã e pela 
tarde, com atividades abertas à comunidade. 
Foto:Divulgação
Fonte: Rafael Favero • Gramado | RS /http://cbfs.com.br