Você já ouviu falar do “Guardiola do futsal”? Se não, estamos falando
 de Cassiano Klein, treinador do Joinville, que está classificado para 
as semifinais da LNF (Liga Nacional de Futsal) e é um dos grandes 
personagens do futsal brasileiro nos últimos anos.
Mas de onde vem esse apelido? Quem olha para Cassiano sem conhecê-lo 
pode imaginar que é por conta da semelhança física com o técnico 
espanhol. Também é, mas não é o principal motivo. O que faz Cassiano 
Klein ser chamado de “Guardiola do futsal” está dentro de quadra: no 
estilo de jogo de suas equipes e nos seus métodos de trabalho.
“Ser comparado a ele é muito gratificante, é um grande ídolo, um cara
 obcecado, que consegue grandes resultados e segue com fome de vencer 
incrível. Um dos grandes prêmios individuais é ser comparado a um grande
 treinador, como o Guardiola é”, disse ao UOL.
“Esse apelido vem pela maneira que a nossa equipe joga. A maneira que
 é distribuída na quadra. É um time que procura dificultar muito o 
adversário, se posicionar bem e ter a bola. O Guardiola cobra muito dos 
jogadores, essa é nossa maneira de trabalhar também, o que nos fascina. 
Chegar no dia seguinte no trabalho e desafiar grandes jogadores”, 
explicou.
E segundo o próprio Cassiano, a comparação faz sentido. Afinal, foi o
 Barcelona comandado por Guardiola que inspirou a criação de seu estilo 
de jogo, baseado em muita movimentação e trocas rápidas de passes.
“O futebol de campo do Guardiola foi uma grande inspiração para mim. 
Quando eu começo a ser técnico, em 2012, o Barcelona do Guardiola estava
 no auge. E eu estudava muito aquela equipe. Como eles faziam para ter 
aquela superioridade e aquele domínio. Isso foi algo que me fascinou. O 
que eu procuro ter nos times que trabalho é isso, jogar coletivamente o 
tempo todo, um ajudando o outro, elevando o nível individual”, avaliou.
Inspiração também em outros esportes
Mas não foi só o trabalho de Guardiola que norteou os métodos e 
conceitos aplicados por Cassiano Klein no futsal. Ele tentou adaptar 
situações de vários outros esportes para o seu jogo.
“Eu fui atleta de futsal. Quando fui estudar para ser técnico, 
busquei trazer para meus times essa característica que sentia falta 
quando era jogador: conseguir se conectar com muita velocidade por meio 
do passe, da visão. O que liga e conecta um time é visão e passe. Aí 
comecei a aprender com outras modalidades: rúgbi, futebol americano, 
basquete, handebol, hóquei… Vejo que esses jogos são todos 
interligados”, explicou. Entretanto, segundo ele, um esporte em especial
 moldou a maneira de trabalhar suas equipes.
Entretanto, segundo ele, um esporte em especial moldou a maneira de 
trabalhar suas equipes. “O meu estilo vem do basquete. Ele me fascina. É
 uma modalidade muito coletiva. Quando um jogador faz um movimento, os 
outros jogadores começam a se mover na quadra.
Passarinho que acorda cedo…
Cassiano Klein tem seu estilo peculiar de trabalho. E isso não se 
resume apenas ao que passa para seus comandados. Também acontece na 
rotina do próprio treinador em casa.
Um exemplo é o fato dele acordar rigorosamente às 4h15 todos os dias. E isso tem uma explicação.
“Eu acordo cedo todos os dias, é uma disciplina. Isso me faz bem. 
Quando você acorda 4h15 e abre a janela, você vai ver poucas luzes de 
outras casas ligadas na cidade. Tem poucas pessoas competindo com você 
naquele horário. Procuro ter essa disciplina para me organizar, estudar.
 Procuro ver jogos de outras modalidades nesse momento, ler bons livros,
 ver boas palestras, organizar treinos… Você acaba tendo um tempo maior 
durante o dia”, explicou.
Cassiano nasceu em Machadinho, no interior do Rio Grande do Sul, e 
trabalhou a carreira inteira em Santa Catarina – passou por Joaçaba e 
Cascavel antes do Joinville.
Ou seja, uma vida toda na região mais fria do Brasil. E acordar às 
4h15 em dias frios seria um grande problema para muitas pessoas. Para o 
treinador, é uma motivação.
“Vou dormir 22h, 22h30 no máximo. É mais por uma questão de 
disciplina mesmo. Tem dias de frio e chuva que você não quer sair da 
cama. Mas aí não é se você quer ou não, é que você tem que fazer aquilo 
naquele momento. Você tem que vencer a primeira batalha do dia. É uma 
forma de gratidão, de estar com saúde, fazendo o que ama. Faço com muita
 satisfação  e gratidão”, disse.
Títulos e legado no futsal
Foi com esses métodos citados acima que Cassiano Klein se consolidou 
um dos grandes treinadores do futsal mundial. Pelos títulos, pela forma 
de trabalhar e pelo estilo de jogo único, que se tornou uma marca 
registrada.Independentemente das conquistas, o grande objetivo de 
Cassiano é deixar um legado no futsal.
“É importante vencer, ter conquistas, mas o que mais me fascina é o 
dia a dia. A obsessão, a intensidade, ir sempre na mesma batida, não 
afrouxar nunca, tentar fazer cada vez melhor. Isso é o que mais me 
encanta na minha profissão. Se eu chegar frouxo, os jogadores vão 
afrouxar. O treinador tem uma página em branco todos os dias, na qual 
ele pode escrever muitas coisas bonitas com os atletas. Através disso 
que as conquistas acontecem”, completou.
Por enquanto, isso vem dando bastante certo. Cassiano Klein tem no 
currículo títulos da LNF e da Libertadores pelo Cascavel, entre outros 
troféus importantes.
No Joinville, onde está desde o início do ano, já venceu a Copa 
Gramado, a Recopa de Santa Catarina e a Supercopa do Brasil. A conquista
 da LNF seria o final perfeito para o 2023 do “Guardiola do futsal”.
O Joinville enfrenta o Magnus na semifinal da Liga Futsal, com a ida 
na próxima sexta-feira (24), às 21h (de Brasília), em Joinville.
Foto:Joinville
Fonte: UOL• Joinville | SC/lnfoficial.com.br